R.I.P Millôr Fernandes

Posted on - 0 comentários -

Desenhista, tradutor, jornalista, roteirista de cinema e dramaturgo, Millôr foi um raro artista que obteve grande sucesso, de crítica e público, em todas as áreas em que se atreveu trabalhar. Ele, que se autodefinia um “escritor sem estilo”, começou no jornalismo em 1938, aos 15 anos, como contínuo e repaginador de “O Cruzeiro”, então uma pequena revista. Ele retornou à publicação em 1943 ao lado de Frederico Chateaubriand e a tornou um sucesso comercial. Lá, criou a famosa coluna “Pif-Paf”, que também teria desenhos seus.
Em 1948, viajou para os Estados Unidos e conheceu Walt Disney. “Nessa época eu ainda acreditava que Disney sabia desenhar. Só mais tarde, lendo sua biografia, aprendi que até aquela assinatura bacana com que ele autentica os desenhos é criação da equipe”, provoca, na autobiografia que escreveu em seu site. No ano seguinte, Millôr assinou seu primeiro roteiro cinematográfico, “Modelo 19", e já foi logo agraciado com o Prêmio Governador do Estado de São Paulo, criado na década seguinte.
O início dos anos 50 seria importante na vida do autor, tanto pessoal quanto profissionalmente. Na companhia do também escritor Fernando Sabino, fez uma viagem de carro pelo Brasil, com duração de 45 dias. Em 1952, seria a vez da Europa, por onde permaneceria quatro meses. Um ano depois, veria a estreia de sua primeira peça de teatro, "Uma mulher em três atos", no Teatro Brasileiro de Comédia, em São Paulo.
Também no teatro foi um tradutor prolífico e importante. Clássicos como “Rei Lear”, de William Shakespeare, a moderna “As lágrimasaAmargas de Petra von Kant”, de Fassbinder, ou o musical Chorus Line, de James Kirkwood e Nicholas Dante, chegaram aos palcos brasileiros através de suas mãos. "Ao traduzir é preciso ter todo o rigor e nenhum respeito pelo original”, diria em uma entrevista.
E foi no teatro, como dramaturgo, que Millôr mais colecionou prêmios. Como em ”Um elefante no caos”, em 1960. Anos depois, diria em seu site: “Foi transformada num excelente espetáculo pela genial direção de João Bittencourt. Uma das poucas vezes que um diretor melhorou um trabalho meu”.

There has been 0 Responses to 'R.I.P Millôr Fernandes' so far